Neste fim de semana, assisti a "Capitão América: Admirável Mundo Novo", marcando a estreia de Anthony Mackie como protagonista no Universo Cinematográfico da Marvel (UCM). O filme traz Sam Wilson já assumindo o manto do Capitão América, consolidando a transição mostrada na série "Falcão e o Soldado Invernal". Para quem não acompanhou a série, a mudança pode parecer abrupta e gerar certa confusão sobre a jornada do personagem até aqui.
A trama se desenrola em um estilo investigativo semelhante ao de "Capitão América: O Soldado Invernal", algo que me agrada bastante. No entanto, a execução não atinge o mesmo nível de fluidez e imersão. A narrativa parece truncada, como um carro que arranca e para constantemente. Muito disso pode ser atribuído às extensas refilmagens pelas quais o longa passou, que acabaram impactando o ritmo da história. A montagem final do filme reflete essa bagunça nos bastidores, com mudanças tonais perceptíveis e transições abruptas entre cenas.
Outro problema que prejudica a experiência é a forma como os arcos narrativos são tratados. O filme tenta equilibrar a introdução de novos elementos importantes para o UCM com a construção de uma trama envolvente, mas acaba falhando nos dois aspectos. A presença de Thaddeus "Thunderbolt" Ross, agora interpretado por Harrison Ford, é significativa, especialmente pela conexão com eventos do passado, como "O Incrível Hulk" (2008). O retorno de Liv Tyler como Betty Ross reforça essa ligação, mas sua presença se limita a poucas cenas, sem grande impacto na narrativa.
O filme também introduz o adamantium, o metal fictício associado ao Wolverine, revelando que sua origem no UCM está ligada ao cadáver do Celestial Tiamut, petrificado no oceano desde "Eternos". Essa abordagem cria uma ponte interessante para a futura aparição dos mutantes, mas a inserção do conceito soa apressada, sem o peso narrativo necessário.
As cenas de ação são um dos pontos altos, especialmente as sequências de voo de Sam Wilson. O diretor Julius Onah faz um bom trabalho ao explorar as habilidades únicas do novo Capitão América, trazendo coreografias ágeis e bem planejadas. No entanto, o mesmo não pode ser dito sobre o embate final. A luta entre o Capitão América e o Hulk Vermelho foi um dos momentos mais frustrantes do filme. Muitos esperavam um confronto épico entre o Hulk Vermelho e Bruce Banner, mas, em vez disso, assistimos a um Sam Wilson sem o soro do super soldado derrotando um monstro de força bruta. O resultado parece forçado e enfraquece o impacto do vilão.
Outro personagem que deveria ter tido um papel mais expressivo é Samuel Sterns, o vilão conhecido como O Líder. Sua presença era uma das promessas do filme, mas sua participação é subaproveitada. Ele surge como um grande manipulador nos bastidores, mas sua influência na história é reduzida a poucas cenas, sem um desenvolvimento que o estabeleça como uma verdadeira ameaça.
As cenas pós-créditos trazem algumas das maiores revelações do filme. A primeira cena mostra Samuel Sterns em uma cela secreta do governo, onde ele menciona estar ciente de eventos que afetarão o multiverso, sugerindo que sua inteligência superior pode ser um fator-chave nas próximas fases do UCM. A segunda cena traz uma grande surpresa: um monitor exibe uma transmissão de Latveria, com uma figura encapuzada observando os acontecimentos recentes. A câmera se aproxima e, antes que o rosto seja revelado, a tela escurece, mas a voz inconfundível de Robert Downey Jr. pode ser ouvida, indicando que ele interpretará uma versão alternativa do Doutor Destino. Essa revelação pode reacender o interesse do público e preparar o terreno para os próximos eventos grandiosos da franquia.
Por fim, "Capitão América: Admirável Mundo Novo" sofre com um problema crescente no gênero de super-heróis: o desgaste. O filme adiciona elementos importantes para o futuro do UCM, mas a narrativa fragmentada e as expectativas não atendidas minam seu impacto. O público parece cada vez menos engajado com as produções da Marvel, e este longa, infelizmente, não consegue reverter essa tendência.
Marcio Oliveira 2.5
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