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Casa Gucci: Uma História Sensacional de Assassinato, Loucura, Glamour e Ganância!


“Casa Gucci” pode muito bem ser um drama sobre uma rica dinastia da moda chique do Velho Mundo, com um elenco dominado por atores americanos com sotaques italianos que foram até bem convincentes. Com base no trailer, muitas pessoas aparentemente pensaram que era isso mesmo, mas os trailers podem enganar. Passado principalmente em Milão, ele conta um conto caótico de rixas familiares, ciúme sexual e intriga capitalista, com muitas bebidas, cigarros e lanches. Alias, cigarro é o que mais tem! Também carros, sapatos, bonés, casacos esporte, bolsas, vestidos, lingerie - o que você quiser! O filme, que também podem até achar que seja um documentário, é meio picante em apenas uma cena, mas nos diverte muito com sua grande lista de canalhas ambiciosos. É história real de como a família Gucci perdeu o controle da empresa que ainda leva seu nome - e de como seu herdeiro, Maurizio Gucci, perdeu a vida pelas balas de um assassino.

Dirigido por Ridley Scott, podemos até afirmar que é seu melhor trabalho desde “Gladiador”, o filme é cativante e percebe-se que segue um pouco a linha de “O Poderoso Chefão”, não só pela atuação de Al Pacino. “Casa Gucci”, mostra um império de negócios de família, que começa a se desenrolar em 1978, quando Patrizia Reggiani (Lady Gaga), uma alpinista social (caça dotes) de classe média que trabalha na empresa de caminhões do próprio pai em Milão. Patrizia, no que o filme apresenta como um jeito bem italiano, sabe o que tem e como usar. Em uma festa discoteca na mansão de uma aristocrata, ela conhece Maurizio Gucci (Adam Driver), um sujeito tímido e um tanto desajeitado com óculos enormes. Quando ele diz seu sobrenome, quase dá pra ver os cifrões nos olhos de Patrizia igual aos desenhos animados. Aliás gostei muito do repertório da discoteca que tocava Donna Summer quando eles se conheceram. Maurizio é estudante de direito, e descendente direto do império da moda Gucci (mas, neste ponto, completamente desinteressado nos negócios da família). Patrizia é tão esperta, que o segue até uma biblioteca para simular um encontro “casual” (sei…), percebe-se de cara que a criatura quer subir na vida às custas da riqueza e status social que o sobrenome Gucci trás. Marizio acaba desafiando seu pai, Rodolfo (Jeremy Irons), que considera Patrizia uma aproveitadora, e ele está certo. Maurizio se casa com ela assim mesmo e encontra uma breve felicidade trabalhando para seu sogro, trocando seus ternos feitos sob medida por macacões de operário.


Lady Gaga, simplesmente arrasou no papel de Patrizia. Ela tem o dom de uma atriz nata e permite que você leia suas emoções só olhando para seus olhos. Enquanto Gaga interpreta Patrizia, ela representa como é possível olhar para alguém rico e se apaixonar por ele. Gaga e Driver têm uma química interessante. Maurizio é quase uma mosca morta de tão passivo, mas é Patrizia quem o empurra para uma ideia mais ousada de si mesmo. Arrisco dizer que Maurizio deve seu sucesso totalmente à ela que é a ambição e ousadia em pessoa.

Ridley Scott, baseou seu filme no livro de Sara Gay Forden de 2001 "A Casa Gucci: A História Sensacional de Assassinato, Loucura, Glamour e Ganância" (tem na Amazon), e o dirige com um tom de canções pop italianas, clássicos da discoteca e até ópera.

Patrizia e Maurizio, se acomodam em sua vida modesta e dão à luz uma filha, e é justamenta ela que reaproxima Maurizio de seu pai. O filme apresenta os outros membros do clã Gucci. Tem Aldo, irmão de Rodolfo e coproprietário da empresa; ele é interpretado por Al Pacino. Aldo e Rodolfo mantêm uma relação distante mas se alimentam da empresa que enriqueceu sua família (e foi fundada pelo pai na Toscana, onde ainda cultivam as vacas que produzem o couro mágico Gucci). Rodolfo vive perdido no passado e Aldo está sempre buscando formas de ampliar a marca Gucci e talvez vulgarizar a marca, lançando um outlet em um shopping japonês aos pés do Monte Fuji. Aldo até ensaia um konnichiwa para negociar com os japoneses.

Deixa eu ver quem falta… ah tem o filho de Aldo, Paolo (Jared Leto, o Coringa do Esquadrão Suicida), um estilista frustrado que se veste com ternos de veludo cotelê verde pastel. Ele “acha” que tem talento, só que não, e Jared Leto, careca com uma franja de cabelo comprido e um sotaque italiano carregado, está irreconhecível, teatralmente cabisbaixo em sua seriedade de perdedor, com seus movimentos de discoteca meio idiotas, um Gucci peso-mosca constante ridicularizado tanto por Aldo quanto Rodolfo, mas que também tem o egocentrismo da Família Gucci.


Quando Patrizia se conecta com Aldo em sua festa de 70 anos, ela imediatamente vê que seu “querido” tio pode ser um caminho de volta para a família Gucci (ô bicha danada). Ela o encanta o velho, e ele a presenteia com dois ingressos do Concorde para Nova York (muita gente aí nunca ouviu falar do Concorde, avião de passageiros Francês supersônico). Ele convida Patrizia e Maurizio para se juntarem à marca e, visto que é um direito de nascença de Maurizio, daí eu pensei: por que não? Há algo de errado em Patrizia querer abocanhar um pedaço dessa fortuna? A partir daí é a vida que todo mundo pediu a Deus! Compras grátis na butique Gucci em Manhattan, apartamento da empresa, etc. Por um breve período, ela, Maurizio e Aldo parecem uma grande família feliz e gananciosa já que Aldo não está nem aí pro filho legítimo Paolo, que é um Zé Ruela.

Enquanto Patrizia, tomando martínis e fumando igual a uma Caipora, fica mais ambiciosa e ansiosa para afirmar o controle da empresa, vemos Lady Gaga mudar suas feições, passando de gatinha manhosa pra leoa faminta. Patrizia se liga a uma vidente chamada Pina (interpretada por Salma Hayek), que se torna sua “amiga”. Minino… é cobra engolindo cobra nesse filme. Nããã!

“Você pode até se perguntar: com quem nos identificamos em “Casa Gucci”? Por um tempo é Patrizia, depois Maurizio... deu até pena do coitado do Paolo, mas como eu disse: é cobra engolindo cobra! Mas se você entrar na onda do filme, verá uma guerra corporativa hipnotizante. É um jogo letal em que a Casa Gucci acaba sendo um castelo de cartas. Mas quanto mais implode, mais você não consegue desviar o olhar.

Todos os eventos exagerados desta história, trágicos e absurdos, são combinados com algumas performances às vezes exageradas, como a de Jared Leto. Em algumas cenas percebe-se que Ridley Scott pretendia que esse filme fosse uma comédia e de certa forma ele até é bem-sucedido, embora a segunda parte seja trágica.

Casa Gucci é um filme divertido e envolvente que mistura suspense policial com farsa. Embora seja um bom filme, um filme agradável, não se pode deixar de sentir que poderia ter sido mais. Todos os elementos estavam lá para um grande filme, começando com a história real, mas no final se perde um pouco com lapsos de tempo grandes que poderiam ter sido melhor explorados. Enfim, é um bom filme, especialmente pra quem curte filmes baseados em fatos reais.

  1. Ficha técnica
  • Data de estreia: 25 de novembro de 2021
  • Duração: 2h 37min
  • Genero: Biografia, Drama
  • Direção: Ridley Scott
  • Roteiro: Becky Johnston, Becky Johnston
  • Elenco: Lady Gaga, Adam Driver, Al Pacino
  • Título: original House of Gucci


Professor de Inglês e também crítico de cinema. Fã de carteirinha de filmes de ficção, ação e aventura, mas sempre com o olhar diferenciado para cada gênero de modo a transmitir com máxima fidelidade a minha impressão real sobre cada filme. Apesar do estrangeirismo do nome sou 100% cearense.

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