Filmes sobre jogos, ou em universos sobre o mundo dos games, com diversas referências, como Jogador Número 1, ou Detona Ralf, tem sido uma temática bastante presente nos últimos anos. Porém, nenhum deles conseguem o acerto como foi Free Guy, uma obra que carrega um bom humor no estilo Ryan Reynolds (com o detalhe de ser, dessa vez, para toda a família, diferente de Deadpool), além de diversas referências do universo pop/nerd atualizadas, um roteiro que consegue um grande fôlego após encerramento de arcos narrativos, reflexões existenciais complexas de forma lúdica e críticas à cultura armamentista norte americana e da comunidade gamer.
A obra conta a história de um NPC (non-player character, ou jogador não jogável, basicamente, uma inteligência artificial) que está inserido em um jogo chamado Free City, uma cidade caótica, onde os jogadores podem fazer simplesmente o que quiser dentro dela, que se resume em: assaltar bancos, assassinar pessoas e cometer outros crimes aleatórios e destrutivos (estilo GTA, só que online, com milhões de jogadores tóxicos).
O protagonista, chamado Guy, não faz ideia de que ele é uma inteligência artificial. Ele repete a mesma rotina todos os dias, até que ele finalmente consegue quebrar esse ciclo após seguir uma garota que ele considera ser a “mulher dos seus sonhos”, ao fazer isso, ele sai dos códigos robóticos tradicionais esperados de um NPC e garanti consciência própria. Tudo isso ocorre em meio a um ambiente de disputas, que desencadeia em uma aventura cheia de humor, críticas (principalmente no mundo dos games) e efeitos visuais impressionantes.
O estúdio criador da obra é responsável por filmes recentes “estilo live action” como: Aladdin, Rei Leão e A Bela e a Fera (sim, a Disney está “por trás” de Free Guy). O humor de Ryan, que mistura diálogos inteligentes e sarcásticos, também acompanha a estrutura narrativa do filme, como se a trajetória da aventura fosse bem a cara dele. Bebendo um pouco de Show de Trumam (intencionalmente, ou não), a obra faz uma leve reflexão sobre o real, ou não real, na vida de um NPC, ou do que ocorre no mundo dos jogos. Além disso, o filme também tem cenas que dialogam completamente com a metáfora do Mito da Caverna de Platão – sim, meus amigos, é um filme pipoca bastante cult, acertando nos flertes do humor, mas também em outras questões filosóficas.
Um filme para os nostálgicos, para os gamers atuais, para os cults que gostam de falar sobre filmes que ponderam sobre o existencial/real, para os amantes do cinema nerd, ou figuras pop, para quem ama comédia (...) enfim, para toda a família. Free Guy: Assumindo o Controle, é uma obra que vale a pena ser assistida nos cinemas, não acho que seja necessário Imax, ou algo assim, não tem recursos visuais, ou sonoros, que torne isso uma necessidade para uma experiência diferenciada, mas que com certeza merece um apreço notório do público. Delano Amaral 4
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