Depois de assistir 5x, decidi finalmente escrever sobre Liga da Justiça de Zack Snyder. SnyderCut para os íntimos. Apesar de ser impossível não comparar com o corte de 2017, vou tentar focar nessa produção, e para isso, irei separar os pontos positivos e negativos.
- POSITIVOS
A divisão em capítulos: Muita gente ficou na dúvida se o filme seria cansativo demais por conter 4 horas de duração, mas a impressão que tive foi completamente diferente. Existe algo nesse filme que me deixou vidrado do início ao fim, e quando terminou, senti que poderia ter continuado assistindo. A divisão em capítulos ajudou nessa percepção. O filme é dividido em 7 momentos específicos, com um título para cada. Esses capítulos serviram como um respiro, tornando a experiência mais dinâmica e trazendo uma sensação de estar maratonando uma série.
Batalha das Amazonas: Senti como se estivesse assistindo 300 novamente. O épico mesclado com o frenético e cenas viscerais, somados a uma trilha sonora impactante que nos coloca na cena. Me deu uma vontade grande de assistir a um filme só delas, mas teria que ser nesse mesmo tom.
Ciborgue: Simplesmente o coração do filme. Agora entendo o rancor de Ray Fisher com o corte de 2017, pois lá seu personagem é apenas mais um e com pouquíssima importância. Aqui vemos que tudo gira e anda justamente com ele. Ele é a conexão entre a Liga e as Caixas. Vemos isso em todo o seu núcleo, com grande peso e participação de Silas Stone e de sua mãe, que vimos apenas em foto no corte de 2017. Victor tem todo um desenvolvimento e descoberta durante o filme, fechando perfeitamente a já conhecida jornada do herói.
Flash: Esse cresce de uma maneira absurda no terceiro ato. Ele é o mais jovem da equipe, é deslumbrado e acaba sendo por muitas vezes a representação do fã no filme. Particularmente gosto mais da abordagem do personagem na série, mas venhamos e convenhamos que lá ele teve mais tempo de tela para ser trabalhado. Aqui é como se esse Flash fosse uma mistura do Flash da série com o Cisco Ramon. Mas não é de sua personalidade que se trata o seu ponto positivo, e sim da sua principal cena. A cena em que ele volta no tempo é simplesmente fantástica e extremamente impactante. Me arrepiei todo quando vi. Mesmo não gostando da forma que ele é aparentado correndo, aqui essa impressão é bem menos negativa do que o patinador de 2017. Outra coisa interessante nesse Flash é que ele não carrega pessoas com ele, tomando uma abordagem mais realista onde ninguém conseguiria sobreviver ao atrito e o efeito chicote provocado pelos trancos que ele dá.
(Imagem reprodução)
Batman: Ele realmente é doido. Gosto muito do Batman do Ben Affleck, e uma das dinâmicas mais difíceis de se abordar é justamente a posição dele como um ser humano diante dos demais com tantas habilidades. Ele é respeitado pelo que ele é e faz, não por uma forçada de barra do roteiro. Está sempre agindo pelos perímetros, de forma estratégica. Usa muito bem o que tem em mãos, com seu Batmóvel, o Nightcrawler e tudo mais. Em nenhum momento ele é aquele Batman cansado e que só sabe apanhar do corte de 2017.
Diana Maravilha: Sua presença é algo marcante desde grandes momentos grandiosos como a história da Era de Ouro dos Heróis contra Darkseid, e sua liderança nas batalhas, até em sua parceria com Bruce para recrutar os componentes da Liga. Sua cena inicial desviando balas e suas lutas contra o Lobo da Estepe são incríveis.
Superman: Seu retorno era algo esperado, eu sei. Todo mundo que assistiu ao corte de 2017 sabia disso, mas aqui vemos realmente uma urgência. Me envolvi tanto com o plot de cada personagem, que tinha até esquecido do Superman, até que a urgência pelo seu retorno foi ficando cada vez mais evidente. Seu retorno é extremamente turbulento. Imagina que a última coisa que ele viu foi o Doomsday atravessando seu coração, e de repente ele volta, confuso e agindo apenas pelos instintos. Achei foda seu voo com as vozes de seus pais, o uniforme preto e principalmente sua chegada na batalha final, na hora H. Aquilo foi de tirar o fôlego.
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Cenas de ação: Um dos pontos fortes de Zack Snyder sempre foram suas cenas de combate. Temos aí vários exemplos como Sucker Punch, Man of Steel, Watchmen, 300 e Batman v Superman. Descartando a cena das Amazonas, citada acima. A divisão dos personagens durante as lutas funciona perfeitamente.
Contexto Amazonas e Atlantes: A todo momento em que o assunto Atlante entra em cena com a presença da Diana, ela deixa claro todo o histórico entre Amazonas e Atlantes. Na cena em que ela relata para Bruce que não pensa que ele seria confiável, e também na cena em que o Aquaman aparece nos túneis abaixo do porto de Gotham. Diana fica visivelmente apreensiva ao ver um Atlante na sua frente.
Fotografia: Não é nenhuma novidade que o diretor trabalha com uma qualidade visual frame a frame. Você pode pausar em qualquer momento e aquilo ali se tornará facilmente sua proteção de tela do celular ou PC.
Ampliação do pesadelo do Bruce: A visão que Bruce teve é ampliada aqui. Foi estranho ver o Bruce conhecendo o Barry e não se tocando que aquele cara ali era o mesmo que apareceu em sua visão. Essa ligação ocorre em um diálogo de Bruce e Diana, em que ele fala sobre o que viu e que a Lois era a chave para o Superman. Combinando a visão de Bruce, a que o Ciborgue vê ao entrar em contato com a caixa materna, e o epílogo, fica claro que é o mesmo futuro, mas talvez em linhas temporais diferentes. Não sabemos quantas vezes o Barry voltou para tentar mudar a história, mas isso é mencionado pelo Coringa, onde ele questiona o Bruce sobre a quantidade de linhas temporais que ele criou para tentar mudar as coisas, mas o resultado é sempre o mesmo.
Lobo da Estepe: O Lobo da Estepe apresenta o mesmo visual apresentado em Batman v Superman, completamente monstruoso e alienígena, diferente de suas versões humanóides apresentada nos quadrinhos e no corte de 2017. Sua aparência e presença são absolutamente intimidadoras. Uma das críticas que sempre faço com relação a alienígenas no cinema e afins é justamente seu conceito visual. Temos grandes exemplos com o Predador, Alien, Cloverfield e agora o Lobo da Estepe. Gosto disso, de imaginar algo fora da caixa, algo fora do padrão humanóide. Afinal, são seres de outros mundos ou dimensões, porque seguiriam um padrão terrestre?
(Imagem reprodução)
O personagem também possui um plot excelente. Ele não é um vilão genérico que quer conquistar por querer, e sim um antagonista com propósitos e razões bem embasadas. Com o propósito de corrigir um erro passado e tentar se redimir para poder voltar para sua casa, vimos sua imponência ser diminuída na presença de Desaad, e principalmente de Darkseid. Dava pena dele nesses momentos. Sua servidão ao seu soberano era verdadeira, assim como seu temor. Não se sabe ainda qual foi a falha do Lobo, mas acredita-se que ele tenha sido o planejador do ataque de Darkseid na Terra, mostrado durante o flashback contado por Diana. Naturalmente não era esperado que todos os povos do planeta estivessem unidos, juntamente com os antigos deuses, Artemis, Ares, Zeus e o Lanterna Verde que protegia o setor na época.
Darkseid: Nunca tive esperança de ver o vilão tantos momentos no filme, mas acredito que seu espaço tenha sido ampliado devido à incerteza futura. Ninguém sabe se um dia teremos a continuação de Liga da Justiça de Zack Snyder, e talvez tenha sido sua única oportunidade. Ele é grotesco, imponente e temível em todos os aspectos. Exceto pela sova que ele levou dos deuses antigos quando não possuía o poder ômega. Toda a imponência do Lobo da Estepe se perdendo na presença do Darkseid só alimentou a ciência de que ele é um vilão foda e aterrorizador. Ver Darkseid na tela e principalmente em sua cena final, dá aquela vontade de ver mais, algo mais aprofundado sobre ele.
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Jared Leto: Esse, na minha opinião, conseguiu se redimir do papelão de Esquadrão Suicida. Zack Snyder trouxe o personagem para esse filme justamente para isso, e para finalmente colocá-lo em um diálogo com o Batman. Um diálogo revelador sobre o destino do Robin, Dick Grayson. O ator é ótimo, e o que lhe faltava era uma visão, uma abordagem que lhe desse apoio firme. Ainda não gosto da sua risada e o fato de ele não ter sobrancelhas, mas ao menos as tatuagens já se foram.
Epílogo: Esse momento do filme está em uma linha tênue entre o necessário e o desnecessário. Para um filme que fosse para o cinema e tivesse sua continuação garantida, seria algo completamente desnecessário. No entanto, para a atual situação, é importante sim para contextualizar certos acontecimentos. Afinal, essa pode ter sido a única chance que Snyder teve.
Vimos aqui a equipe sobrevivente dessa linha temporal, o destino de alguns personagens, a contextualização com a viagem no tempo e um diálogo entre Bruce e o Ajax (Caçador de Marte). Lembrando que tudo que aparece nessa cena é apenas um prelúdio do que poderíamos ter nos filmes futuros de forma aprofundada. Saberíamos o que trouxe o Ajax à Terra e por que ele não agiu em nenhum momento com tantas coisas acontecendo, como o Zod e o Doomsday.
Uma curiosidade é que, nos quadrinhos, o povo marciano tem um histórico com a equação antivida. Seria essa sua missão na Terra? Proteger a equação antivida? É algo que de fato só saberíamos se houver (quem sabe...) outro filme.
- NEGATIVOS
Excesso de câmera lenta: Câmera lenta para valorizar uma determinada cena é algo já característico de Zack Snyder, mas aqui ele pesou a mão dicuforça. Sério, não tinha necessidade para tanto, dava para dar um dinamismo específico ao invés de exagerar no slowmotion. Saíram dados de que 10% do filme passa com esse artifício. Na boa, poderia ter sido BEM menos.
Cenas com quebra de ritmo, desnecessárias: Com o filme sendo dividido em capítulos, é compreensível uma quebra de rotina no final de cada capítulo, mas existem alguns que são completamente desnecessários, e tomam um tempo demasiado. Exemplos claros são:
- - Hipólita no penhasco chorando a morte da bezerra: O alienígena monstruoso tava nesse instante matando Amazonas para pegar a caixa materna e a mulher fica moscando no penhasco.
- - A loirinha cantando e cheirando a camisa do Aquaman: Achei legal o pessoal cantando, pois, ali ele era como um deus para eles, trazendo alimento e proteção, mas a cena acaba prolongando demais. Eu pulo logo essa parte quando assisto.
- - Aquaman no cais com música brega: Man, bastava já ele salvar a pessoa lá do barco, mas tinha que ter o desfile com uma música brega. O negócio destoa tanto que a cena seguinte contém uma trilha completamente diferente, e a cena é com ele mesmo.
Decisões duvidosas: Durante a cena no museu, Diana derruba todos os bandidos na base da porrada. A cena é eletrizante, mas com o último deles ela usa o poder dos braceletes. Pra quê? Sério, além de fazer um enorme buraco nas paredes do museu, jogando os destroços em cima dos carros da polícia que estavam do lado de fora. Vai que uma pedra daquelas acertasse a cabeça de um policial, já imaginou? Sem falar na possibilidade das colunas cederem e acabar o teto caindo nas vítimas sequestradas. Bastava dar um socão e pronto, resolvido, mas não, tinha que explodir o que ela estava evitando explodir. É engraçado ela levantando as pessoas e dizendo que tava tudo bem, e atrás dela dois rombos na parede kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk.
Trilha repetitiva: Nas primeiras cenas, o clima épico que rodeia as Amazonas era muito massa, mas com o decorrer do filme, toda vez que a Diana aparece, vem aquela voz "oooooohhhhh!" Te lascar, man!
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Amnésia de Darkseid: Darkseid destruiu 100 mil mundos e em apenas um ele foi derrotado. Nesse mesmo planeta estava a equação antivida e as caixas maternas. Será possível que a machadada que ele levou no peito tenha feito com que ele de fato tenha perdido a memória? Não é possível que o cara tenha esquecido onde e qual era o planeta. Zack Snyder até falou sobre o assunto, dizendo que ele foi deposto quando voltou para Apokolips, e todos que estavam com ele foram mortos, mas isso ainda não explica como ele esqueceu.
CGI oscilante: Esse item assim como o epílogo está no meio-termo, pois é totalmente compreensível. Vale lembrar que existem cenas que saíram do bolso do próprio Snyder, e são justamente essas que apresentam uma qualidade inferior. O epílogo é exemplo disso.
Conclusão: Como podemos ver, o filme contém sim, seus pontos negativos, mas acredito que grande parte deles são bem justificáveis, e nenhum deles retira o brilho e o quão empolgante o filme é, assim como é cheio de possibilidades para o futuro. Como estaria a DC nos cinemas hoje em dia se esse fosse o filme lançado em 2017? Em sua totalidade, o filme é primoroso, tem corpo, identidade e alma. Completamente diferente do corte na base de facão cego que foi o exibido no cinema em 2017. Pois é, tentei não comparar, mas não consegui.
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