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CRÍTICA | Todos meus amigos estão mortos - O Caos como protagonista



(Crítica sem spoiler)

Eis aqui um filme que não se prende a muitas das conjunturas convencionais de roteiro (daqueles de começo, meio e fim “fronteiramente” bem definidos; desenvolvimento de personagens de forma escalada com apegos emocionais etc.). Não! Aqui nosso protagonista é o caos! Logo no início do filme, as primeiras cenas já apresentam um verdadeiro “spoiler” de toda a trama, do que o caos é capaz de fazer em apenas uma festa destruída em carnificina! E tudo isso ascende uma curiosidade absurda, levando a um sentimento ambíguo. Em primeiro momento, essa decisão revela um grande desapego a revelação sobre o final trágico dos personagens, por já contar o "final da festa", porém, logo depois desperta a pergunta mágica chave para o desenvolvimento da narrativa: "como isso terminou assim?!"

Nas primeiras cenas do filme, ainda nos primeiros 5 minutos, a obra nos apresenta dois policiais detetives em uma cena de crime bárbaro: uma casa de luxo lotada de pessoas mortas de formas diversas e aleatórias. As mortes vão desde assassinatos por tiros, suicídios através de enforcamento e outros crimes bárbaros, até uma situação bizarra de uma pessoa que se afogou no próprio vômito. Enquanto os dois policiais caminham pelos cômodos avaliando as situações aleatórias, um deles se mostra bastante corrupto e experiente, o outro é um novato impetuoso que, aparentemente, tem sua moral ainda respeitável.

O detetive novato, em seu primeiro caso, quer dar o melhor de si, ansioso, para desvendar seja lá o que foi que ocorreu ali. Enquanto isso, o detetive mais experiente cada vez mais está convencido que os crimes que ocorreram ali simplesmente não há nenhuma forma de ser solucionado, solucionando-o de “qualquer” maneira, e tentando tirar proveito da situação ao máximo. Nesse momento, mesmo com um desapego a ambos os personagens e a situação, há um incomodo sobre as atitudes dos dois personagens: será mesmo que é um crime que eles não poderiam solucionar? E esse é o gancho narrativo que a obra utiliza para contar sua história. Claro que existem outros filmes que utilizam desse recurso, mas venhamos a concordar que não é o mais normal de ser encontrado nas telinhas.

Através de um roteiro inteligente, com capacidade de conectar diversos personagens, histórias e acontecimentos, inserindo um humor áspero e certeiro, a história aqui é maior do que qualquer personagem, ou desenvolvimento desequilibrados encontrado em outras obras! Inclusive, a narrativa aparenta vestir-se como um "conto audiovisual", uma boa história, pontual, inteligente e divertida. Nesse novo filme da Netflix, o caos é um maestro que guia a sinfonia da obra, em que pode acontecer qualquer coisa! Não se trata de um filme de Oscar, ou premiações clássicas, mas que pode divertir bastante em uma tarde de feriado em casa!

Fotógrafo por acidente, Mestrando em Geografia e cinéfilo por amor, colecionador compulsivo de cursos de produção de audiovisual por toda Fortaleza e aventureiro em produção de filmes em diversas áreas.

Delano Amaral 4.5

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