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INFILTRADO NA KLAN | Vale ou não a pena assistir?


Algo tão absurdo que aconteceu de verdade.

O primeiro passo assustador é o fato de que os eventos apresentados pelo filme são baseados em fatos reais, isso quase sempre impacta em um filme, certo? Pois bem, se prepare... Aqui o filme apresenta a versão, o ponto de vista puro, daqueles que nem sempre tiveram essa oportunidade ao longo da história. Essa é o tipo de obra que se torna muito difícil discorrer sem falar de política ou levando no bom humor, além de ser uma história incrível, que seria difícil suspender a descrença caso fosse uma ficção.

Ron Stallworth (John David Washington) um policial negro no final da década de 70 que, infelizmente, como ainda nos dias atuais, sofre constantemente com o racismo inserido na sociedade. Todavia, na época em que o filme se passa, essa essência do racismo que é mascarada por muitos nos dias de hoje não tinha essa necessidade furtiva naquela época. Não era crime, não era visto como algo antiético e estava saturadamente inseridos em cada pequena ação no contexto social. 

De início é torturante estar com Ron e presenciar suas desventuras sacais rotineiras dentro da polícia na sessão mórbida de arquivo. Os preconceitos e violências verbais vinham de seus colegas de trabalho e de tudo que está a sua volta dentro daquela corporação. Quando fora daquele ambiente, o nosso protagonista caminha entre campos sociais que melhor lhe convém: pessoas de sua raça, de sua cor, que entendem a sua dor e sua luta. Por desenrolar do destino, Ron consegue finalmente ir para as ruas atuando como policial e lá ele descobre dois grandes caminhos que vão desenrolar essa incrível história:

O amor e o ódio.

O amor Ron achou quando descobriu a líder do movimento sociais estudantis de combate ao racismo, no meio de uma missão que sondava essas organizações sociais. Nesse momento, Ron entende que estava entre a cruz e a espada, ele era aquele que buscava o equilíbrio entre dois extremos: de um lado, sua raça, sua cor, sua essência e aquela garota quem ele cada vez mais se envolvia; do outro, sua profissão, seu dever, seu sonho de atuar na sociedade como representante da lei e da ordem. Ambos os lados se enxergam como uma constante ameaça e Ron, que transita entre eles, sempre tem seus discursos posto como inconveniente à ambos. Hoje, nessa forte bipolaridade política em que nos encontramos, existem muitos "Rons" que sofrem por não se devotar a um único lado da história. 

O ódio Ron sempre conheceu, ele carregou o peso do racismo por toda sua vida, mas, agora, ele achara um dos grandes vilões. Em suas curiosidades e investigações, Ron consegue visar e se infiltrar em nada mais, nada menos, que na Ku Klux Klan. Através de telefonemas, o nosso protagonista se passa por alguém que almeja entrar na organização radical e, junto com seu colega de trabalho Flip Zimmerman (Adam Driver) assume sua identidade junto aos membros da KKK. Ron era Ron Stallworth ao telefone, Flip era Ron Stallworth quando precisava ir as reuniões da corporação.

Detalhe: Flip era judeu. Exatamente, um negro e um judeu se infiltraram em uma das maiores organizações racistas radicais da história da humanidade.

O filme tem na sua essência a busca do passado como de fato fora, mas uma comparação ao que temos de novo no presente, trazendo comparações assustadoras. É impossível segurar a inquietude com relação a intolerância de uma escala tão alarmante. A poesia é a arma de protesto do diretor Spike Lee, que entrega uma obra que se torna de fato o que os Estados Unidos, o Brasil e o mundo, precisavam refletir. Encontra-se diversos elementos Blacksploitation, que é uma corrente cinematográfica dos EUA encabeçado por diretores e atores negros que conquistavam seu espaço no cinema. 

A fotografia tem suas particularidades que é guiada pela ficção documental, nada de muitas cores externas, a não ser em situações bastante específicas, mas temos a poesia do enquadramento dos momentos que dialoga muito bem com a edição. O roteiro tem uma pegada rítmica, com passos não corridos, mas que prende o telespectador em cima de situações de humor que, apesar de funcionar por ser bem bolado, deixa inquietações frente as sérias problemáticas sociais do racismo. Além disso, existem grandes surpresas e sacadas geniais que geram ótimas reflexões sobre nossa sociedade. 

A trilha sonora caracteriza bem a ideologia do filme, as atuações entregues são brilhantes e harmônicas. A ambientação, o figurino e a direção de arte contam a subjetividade dos momentos com uma lealdade de resgate temporal maravilhosa. A direção de Spike Lee, assim como todo o filme, tem uma oportunidade de aparecer em grandes festivais internacionais de cinema. No mais, se você assistir esse filme e não ficar incomodado com suas problemáticas, algo de muito errado existe com você. Não deixe que seja só mais um filme, assista, pare, reflita, pense. Esse filme fala muitos sobre o nosso Brasil atual.

E sim, vale muito a pena assistir! Delano Amaral 5

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