“Cê é o bichão mesmo, né? Mas aí, deu certo?”
Isso é o que vamos responder.
A Chegada se passa nos dias atuais, quando, do nada, gigantescas naves alienígenas (apelidadas de "conchas" — embora pra mim pareçam mais bandas de feijão gigantes, rsrs) chegam à Terra, pairando sobre nossas cabeças em diversos pontos do planeta. Mas sem aquele clichê de raios, abduções ou destruição em massa. Nada disso. O filme já começa quebrando expectativas.
“Sem raios e abduções? Peraí, o que eles querem afinal?”
E é exatamente esse o mistério central. É aí que entra a Dra. Louise Banks (Amy Adams), uma linguista requisitada pelo governo para decifrar a língua dos visitantes e descobrir quais são as reais intenções deles. Ao lado do cientista Ian Donnelly (Jeremy Renner), ela mergulha nesse desafio que mistura ciência, intuição e emoção.
Desde Gravidade, a gente tem sido presenteado com produções de ficção científica de altíssima qualidade, e A Chegada não decepciona. Apesar de ser inicialmente apresentado como ficção científica, o filme vai além. O gênero funciona mais como pano de fundo para um drama humano, sensível e — pasme! — não linear. Se você lembrou de Interestelar, tá no caminho certo.
Assim como Interestelar, esse filme exige que você abra bem a mente e absorva as informações. A trama se desenrola pelos olhos de Louise Banks, mesclando o drama pessoal dela com a iminente extinção da humanidade. A comunicação com os ETs, cheia de símbolos misteriosos, é o centro da narrativa e traz uma abordagem fascinante sobre como a linguagem pode moldar a percepção da realidade. E o roteiro, assinado por Eric Heisserer (Quando as Luzes se Apagam), surpreende com seus loops temporais e falsas linearidades. É o tipo de filme que te desafia a pensar, mas recompensa com uma conclusão de tirar o fôlego.
Outra coisa que chama atenção é como o filme retrata o comportamento humano. A chegada das naves gera um colapso global: saques, crimes e caos por medo do desconhecido. Até o velho ditado do "inimigo do meu inimigo é meu amigo" aparece, quando as nações percebem que a única forma de sobreviver é unir forças contra um possível inimigo comum.
A trilha sonora é outro espetáculo. Sombria, misteriosa e harmônica, ela amplifica a tensão e o mistério de cada cena. E a fotografia, assinada por Bradford Young (O Ano Mais Violento), é de encher os olhos, com uma estética minimalista e hipnótica que combina perfeitamente com o tom do filme.
Respondendo à pergunta: sim, vale muito a pena assistir a A Chegada. Denis Villeneuve acertou em cheio, entregando uma das melhores e mais surpreendentes ficções científicas dos últimos anos. Prepare-se pra sair da sessão de queixo caído, refletindo sobre o tempo, a memória e as escolhas que fazemos. Pode confiar, o filme é roxeda!
Marcio Oliveira
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